A criatividade ainda tem lugar na era da inteligência artificial? A resposta é SIM! Estudos e empresários garantem que ela não só permanece relevante como é fundamental para o sucesso de negócios e profissionais.
Essa habilidade é importante não apenas para quem atua em áreas tradicionalmente criativas, como artes e design, mas para qualquer função no mercado de trabalho. Afinal, a criatividade é a base da inovação, da resolução de problemas e de diversas outras competências essenciais.
Neste artigo, iremos explorar o papel, importância e espaço da criatividade em meio ao surgimento de novas tecnologias e da era digital. Acompanhe!
O que é criatividade?
Segundo o dicionário Priberam a criatividade é a “capacidade de inventar e criar”. É através dela que o indivíduo consegue criar soluções e ideias para desafios de diferentes tipos, além de ser responsável por sua autenticidade.
A criatividade é um pilar para a capacidade de criar algo novo, gerando ideias para resolver problemas e necessidades de forma inteligente e inovadora.
Para muitos, essa habilidade é vista como algo natural, com o qual as pessoas nascem ou não. No entanto, a criatividade é algo que pode ser desenvolvido e aperfeiçoado através de exercícios e treinamento. Ela é consequência das experiências e peculiaridades individuais, utilizadas de forma estratégica para gerar ideias e soluções.
A criatividade como motor para a economia
A criatividade é um item tão fundamental que existe até mesmo uma parcela do mercado conhecida como economia laranja, ou economia criativa. Ela representa 7% do PIB mundial e deve crescer entre 10% e 20% nos próximos anos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Globalmente, esse setor movimenta cerca de US$ 2,25 trilhões anuais e gera 30 milhões de empregos. Sua presença é, principalmente, em áreas como a produção audiovisual, mídias sociais e inovação e criação. Entretanto, a criatividade como motor para a economia não se limita apenas a elas e, por isso, vem sendo apontada como uma das habilidades do futuro e se tornou prioridade para as empresas.
Habilidades do profissional do futuro
As habilidades do futuro são hard e soft skills necessárias para que os profissionais atuais possam continuar evoluindo e se atualizando em relação às transformações constantes que acontecem no mercado de trabalho.
A Microsoft realizou em 2025 um estudo intitulado “Al in Education”, onde listou as competências não técnicas que os empregadores consideram como essenciais para o mercado de trabalho, em especial para utilizar com IA. Entre elas estão a avaliação criativa, julgamento analítico, flexibilidade, inteligência emocional, curiosidade intelectual, detecção e tratamento de vieses.
A importância de habilidades como a criatividade é reconhecida também pelos profissionais mais jovens, que estão crescendo em número no ambiente profissional. Um estudo feito pela Ernst & Young em maio de 2025, intitulado GenZ Report, mostra que, para esses profissionais, as habilidades mais relevantes são criatividade e curiosidade, pensamento crítico, codificação/programação de computadores e escrita.
É importante destacar que essas características se tornam ainda mais relevantes em um mundo digital, mesmo que novas ferramentas estejam surgindo para automatizar processos e acelerar soluções. Isso acontece porque, mesmo com todas as possibilidades oferecidas pela tecnologia, a autenticidade e a criatividade humanas ainda são essenciais e um diferencial para o sucesso.
Impacto da IA para a criatividade humana
Inteligência artificial e criatividade são itens que devem coexistir de forma diretamente relacionada. Porém, para que gerem bons resultados, é preciso ter cuidado na forma como se utiliza essa nova tecnologia, que possui um grande impacto no funcionamento da mente humana.
Com a popularização da IA, diversos estudos têm sido realizados para definir os prós e contras dessa ferramenta na rotina dos profissionais. Um bom exemplo é a IA no RH, que já se tornou um elemento essencial capaz de auxiliar na agilidade e resultados em diversos pontos-chave para o setor. Mas como essa tecnologia afeta a criatividade humana?
Impacto da IA na criatividade individual e coletiva
Pesquisadores da Universidade de Exeter realizaram um estudo visando compreender o impacto do uso de IA na criatividade humana, que foi publicado na revista Science Advances em 2024. A análise foi feita com foco principalmente em Large Language Models, as LLMs, ferramentas populares como o ChatGPT, Gemini, DeepSeek, Perplexity, entre outros.
Os resultados trouxeram preocupações para estudiosos e empresários quanto ao modo como utilizamos a inteligência artificial. Na pesquisa, foram utilizados exercícios com escritores, nos quais foi percebido que a ferramenta é capaz de aumentar a criatividade individual, em especial para aqueles menos criativos.
Nele, foi mostrado que a IA consegue auxiliar na escrita de histórias 8,1% mais originais e 9% mais úteis, ou seja, apropriadas para o público-alvo e com potencial de publicação. Indo mais além, aqueles com as menores pontuações em testes de criatividade viram seus resultados melhorarem em até 10,7% na originalidade e 11,5% na utilidade quando usaram cinco ideias geradas por IA.
Em contrapartida, os pesquisadores notaram que houve um aumento de 10,7% na similaridade entre as histórias que utilizaram IA, comparadas com as histórias feitas por escritores que não utilizaram a ferramenta. Ou seja, foi possível deduzir que a inteligência artificial pode ajudar no desempenho individual, mas acaba prejudicando a criatividade coletiva e levando a uma homogeneização criativa
O uso contínuo de IA “atrofia” a criatividade?
Outro estudo interessante é chamado de “Your Brain on ChatGPT: Accumulation of Cognitive Debt when Using an AI Assistant for Essay Writing Task”, feito pelo MIT Media Lab. Nele, os pesquisadores monitoraram 54 estudantes enquanto eles escreviam redações com e sem assistência de IA, utilizando eletroencefalograma (EEG) de alta densidade para monitorar sua atividade cerebral.
Durante o experimento esses estudantes foram divididos em três grupos: o primeiro pôde utilizar o ChatGPT para gerar seus textos, o segundo teve acesso a pesquisas no Google (sem acesso a ferramentas de IA) e o terceiro os escreveu sem qualquer apoio.
Os resultados mostraram que os participantes que utilizaram o ChatGPT desde o início tiveram a menor atividade cerebral, especialmente em áreas ligadas à memória, atenção e resolução de problemas. Além disso, eles tiveram dificuldade em lembrar o que haviam escrito e relataram menos senso de autoria do trabalho.
No entanto, o dado mais preocupante foi quando precisaram escrever um novo texto, dessa vez sem o apoio da inteligência artificial. Nesse momento, seus cérebros ainda apresentavam desempenho reduzido, evidenciando que o efeito não é temporário.
O estudo chamou essa condição de “dívida cognitiva”, o que descreve esse custo mental. Em resumo, o estudo notou que quando delegamos constantemente o pensamento à IA sem esforço prévio, comprometemos processos mentais fundamentais como reflexão, criatividade e pensamento crítico.
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A IA é inimiga da criatividade?
Não! O mesmo estudo citado anteriormente também notou que aqueles que utilizaram a IA após o esforço inicial de escrita conseguiram aumentar o engajamento cerebral. Ou seja, o experimento sugere que o “quando” e o “como” a IA é introduzida na atividade tem um impacto crítico.
Confiar cegamente na inteligência artificial, a utilizando como um meio de encontrar e gerar informações mais rapidamente, pode gerar uma dependência excessiva que reduz o esforço cognitivo. No entanto, quando ela é utilizada como uma parceira de pensamento, ela consegue potencializar resultados e aumentar a qualidade das tarefas.
Um exemplo é a IA no RH, que auxilia no recebimento, organização e análise de dados, mas sem substituir a expertise humana. Nesse novo cenário, muitos profissionais deixam de ser executores de tarefas para se tornarem gestores, exigindo pensamento crítico e uma abordagem onde o humano supervisiona, orienta e refina o trabalho feito pela inteligência artificial.
Prós e contras da IA para o funcionamento humano
Considerando os estudos recentes, o uso desordenado da IA pode, sim, levar a problemas como a homogeneização de ideias, declínio de pensamento crítico e até mesmo a desconexão emocional com o que está sendo produzido.
Além disso, quando usada de forma incorreta, essa tecnologia pode gerar prejuízos ao aprendizado e à memória, além de dependência cognitiva. No entanto, nem tudo é negativo nesse cenário.
O uso da IA é excelente para automatizar tarefas repetitivas e demoradas, especialmente aquelas que não exigem grande esforço crítico. Isso gera um aumento exponencial na produtividade, garantindo mais tempo para que profissionais possam se dedicar a atividades desafiadoras, treinamentos e outros itens capazes de desenvolver a criatividade em um mundo digital.
Além disso, a IA também pode ser uma forte aliada no estímulo à criatividade, funcionando como uma catalisadora que oferece insights e sugestões que levam a novas ideias.
Um exemplo são os resultados obtidos no estudo feito pelo MIT Media Lab, citado anteriormente, que mostra como o uso do ChatGPT após o esforço inicial levou a resultados ainda melhores do que o esperado. O uso da IA é ainda mais benéfico para profissionais menos experientes, sendo capaz de até mesmo superar bloqueios criativos.
Outra vantagem é sua capacidade de democratizar a criatividade, permitindo que as pessoas com menos aptidão criativa consigam alcançar resultados melhores, além de ser um diferencial competitivo essencial para as empresas atuais.
Como incentivar a criatividade em ambientes corporativos
Como dissemos, a criatividade é uma habilidade que pode ser cultivada, estimulada e desenvolvida em qualquer empresa. Porém, para que isso aconteça, é preciso traçar estratégias práticas para que RH e líderes consigam de fato torná-la algo inerente a todos os membros do time.
Para isso, é preciso conhecer os pilares da criatividade corporativa! São eles:
Cultura de inovação
Acontece quando a inovação se torna um dos elementos essenciais para os valores, missão e práticas diárias da organização. Lembre-se que, para se tornar uma empresa criativa, não basta apenas ter colaboradores que tenham essa habilidade: é necessário que sua cultura valorize, reconheça e recompense essa característica em todos os níveis organizacionais.
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Ambiente psicologicamente seguro
Não existe criatividade em um ambiente repleto de tensão e medo. Para que ela floresça, os profissionais devem se sentir seguros para propor ideias, questionarem processos e cometerem erros sem medo de punições ou represálias.
Importante frisar que um ambiente aberto ao erro funciona como catalisador da inovação, pois colaboradores se sentem livres para experimentar.
Colaboração interdisciplinar
Interagir com pessoas diferentes potencializa fortemente a sinergia criativa. Ou seja, realizar uma troca de ideias entre departamentos e profissionais com diferentes perspectivas, formações acadêmicas, características sociais e idades é excelente para fomentar a criatividade e a inovação.
Liderança inspiradora
Líderes criativos auxiliam na criação e manutenção de times criativos. Para isso, eles precisam ser capazes de incentivar a experimentação, aceitar que falhas fazem parte do processo de aprendizagem e estimular um ambiente onde todos se sintam seguros para falar e serem ouvidos.
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Estratégias práticas para RH e líderes incentivarem a criatividade
Um passo importante para incentivar a criatividade no ambiente corporativo é investir em diversidade e inclusão. As diferenças expandem perspectivas e possibilidades, gerando ideias e soluções que não caem na homogeneidade criativa.
Isso significa criar um ambiente seguro e que valoriza o diferente, assim como processos de recrutamento e seleção que sejam mais inclusivos. O uso de IA no RH pode ser um bom aliado ao criar times com uma ampla diversidade de gênero, raça, etnia, idade, orientação sexual, formação acadêmica e experiências profissionais.
Outro item importante para incentivar a criatividade nas empresas é implementar programas de ideias. Eles funcionam como uma metodologia estruturada que recebe, avalia e implementa sugestões de colaboradores. Algo que vai além de uma caixa de sugestões: é um sistema integrado que reconhece o valor das ideias cotidianas.
A adoção de práticas de brainstorming estruturadas, maior autonomia para os colaboradores e desenvolvimento de lideranças criativas são outros itens importantes, assim como o combate ao estresse e o incentivo a um ambiente que valoriza e promove o bem-estar de todos.
Como integrar IA e criatividade na sua empresa?
Um item fundamental para o RH estratégico é o investimento em treinamento e desenvolvimento digital, importante não só para fomentar a criatividade no ambiente de trabalho, mas também para diversas outras habilidades necessárias às organizações.
Além disso, é importante que seu time saiba como utilizar as ferramentas necessárias para o funcionamento da empresa, que crescem cada vez mais em importância com os anos. Ao invés de evitar a tecnologia, é preciso compreender como ela funciona, preparar seus profissionais para utilizá-la e escolher aquelas que fazem sentido para a sua companhia.
Um bom modo de começar é investindo em tecnologia desenvolvida para o setor de RH, com ferramentas capazes de otimizar tempo, simplificar processos e auxiliar o time na tomada de decisões mais estratégicas e assertivas — algo possível com as soluções oferecidas pelo Lugarh!
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E aí, o que achou do artigo? Esperamos ter ajudado seu RH a compreender a importância da criatividade para seus times, e como fomentar-la em sua empresa. Nos conte nas redes sociais como está sendo esse processo! E aproveite para nos seguir, e ficar sempre bem informado.
Até o próximo artigo!