Práticas para um ambiente de trabalho mais saudável

Práticas para um ambiente de trabalho mais saudável

Ter um ambiente de trabalho saudável deixou de ser um diferencial para se tornar fundamental às empresas. Atualmente, o bem-estar e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são pilares para os trabalhadores, e comprovadamente essenciais para os resultados dos negócios.

O setor de Recursos Humanos, assim como líderes e gestores, possui um papel crucial nisso. Por isso, o bem-estar corporativo é uma das principais pautas do mercado de trabalho, assim como as ações para a prevenção de doenças relacionadas à saúde mental.

No artigo de hoje, vamos explorar as principais vantagens de ter um ambiente de trabalho mais saudável, como o RH pode ajudar a garanti-lo e quais são os indicadores de bem-estar que se destacam. Confira!

Impacto da saúde mental corporativa no Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de ansiosos, correspondendo a 9,3% da população. Além disso, 86% dos brasileiros sofrem com questões de saúde mental, sendo a ansiedade e a depressão as mais comuns.

Outra pesquisa, feita pela plataforma de saúde mental Vittude, mostra que 37% dos indivíduos sofrem com estresse extremamente severo, 59% estão em um quadro grave de depressão e 63% com altos níveis de ansiedade. Tudo isso em um país que teve o maior número de afastamentos por saúde mental nos últimos dez anos.

Foram 472.328 licenças concedidas em 2024, um aumento de 68% em comparação a 2014 conforme dados fornecidos pelo Ministério da Previdência Social. Considerando a média de tempo e valores pagos, pode-se supor que foram gastos quase R$ 3 bilhões no ano passado apenas com esses afastamentos.

Mas não é apenas o Brasil que sofre com a epidemia de doenças relacionadas à saúde mental no trabalho. Um estudo da Atticus informa que problemas como a ansiedade e a depressão custam cerca de 12 bilhões de dias de trabalho por ano, o que significa uma perda de US$ 1 trilhão para a economia global.

O impacto financeiro da saúde mental

O desequilíbrio na saúde mental dos colaboradores leva a outros problemas, sendo um dos principais a síndrome de esgotamento profissional, mais conhecida apenas como burnout.

Segundo o levantamento feito pelo escritório Trench Rossi Watanabe, houve um aumento de 14,5% nos processos trabalhistas relacionados ao burnout oficializados na Justiça do Trabalho. Valor correspondente apenas aos primeiros quatro meses do ano de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024.

Os pedidos de indenização somam R$ 3,75 bilhões para as empresas, com um valor médio de R$ 368,9 mil por cada ação movida. Um custo alto, que se torna ainda maior ao considerar as perdas em produtividade, motivação, rotatividade e diversos outros aspectos importantes para as companhias.

Leia também: Qual o papel do ESG no futuro do RH?

Benefícios de ter ambiente de trabalho mais saudável

O sofrimento dos profissionais com questões de saúde mental gera uma perda significativa para as empresas. Por outro lado, quando o negócio investe em ter um ambiente de trabalho saudável, com programas de bem-estar empresarial, os ganhos são enormes.

O ROI do Bem-Estar 2024, da Wellhub, mostrou que 93% dos líderes de RH perceberam uma queda nos custos dos benefícios de saúde, um aumento de 11 pontos em comparação ao ano anterior. Além disso, 99% deles afirmam que as ações ajudam a aumentar a produtividade e 95% notam uma queda nos afastamentos por problemas de saúde mental.

A pesquisa também aponta que 93% dos líderes de RH notam uma redução na rotatividade, e 91% consideram seus programas com foco no bem-estar como “muito” ou “extremamente” importante para atrair e manter talentos.

A construção de um ambiente de trabalho saudável ajuda a formar equipes mais conectadas, onde o trabalho em equipe e a comunicação se tornam pontos fortes.

 

Além disso, incentiva o desenvolvimento dos colaboradores, pois a sensação de segurança, valorização e satisfação, aliada a ações voltadas ao aprendizado, estimula a evolução contínua. Isso é benéfico para a produtividade, engajamento, qualidade das atividades, inovação e muitos outros aspectos essenciais para as empresas.

Benefícios de ter ambiente de trabalho mais saudável

Saúde mental no trabalho como prioridade para os talentos

A preocupação dos profissionais com a qualidade do ambiente profissional triplicou entre os anos de 2018 e 2022. Segundo um estudo feito pela Ipsos, 79% dos profissionais priorizam o bem-estar e equilíbrio em relação a aumentos salariais (36%) e promoções (43%).

A busca por equilíbrio entre a vida pessoal e profissional se tornou uma das principais prioridades dos trabalhadores, especialmente após a pandemia de Covid-19. Com isso, aumentou a busca por modelos de trabalho mais flexíveis, benefícios de apoio à saúde física e mental, e empresas com uma cultura organizacional saudável, diversa e inclusiva.

Companhias que não acompanham essa mudança acabam vendo uma alta nos índices de turnover, presenteísmo e absenteísmo, além de quedas em produtividade, inovação, crescimento e lucro.

Leia também: Turnover e Absenteísmo: o que é, como afeta a empresa e como evitar

Como promover saúde mental na empresa

Com as rápidas transformações no mercado, as práticas para um ambiente de trabalho mais saudável também estão evoluindo, com novas estratégias surgindo conforme as necessidades dos profissionais e negócios.

Ter tantas alternativas faz com que seja necessário que cada empresa escolha e personalize suas práticas conforme a realidade do seu negócio. Entre as opções mais comuns, algumas se destacam, sendo as principais delas:

Programas de saúde mental e bem-estar

Os programas com foco em saúde mental e bem-estar corporativo podem ser integrados de diversas formas dentro da empresa, sempre buscando construir uma base sólida de apoio psicológico e terapêutico para os seus colaboradores.

Uma das formas mais comuns é através de benefícios que facilitam as sessões com psicólogos e terapia online. Muitas companhias oferecem descontos, consultas gratuitas em intervalos fixos, entre outras soluções que facilitam o acesso do profissional a cuidados de prevenção e tratamento à saúde mental.

Além disso, algumas empresas estruturam um time interno com projetos como rodas de conversa e grupos de apoio, importantes também para ações de diversidade e inclusão. Outras práticas interessantes são as com foco em mindfulness e gestão de estresse.

Por exemplo, inserir na rotina dos colaboradores sessões de meditação guiada, técnicas de relaxamento e respiração, workshops de gestão de estresse e espaços de descontração. Lembrando que as pausas, especialmente para cuidados com a saúde e bem-estar corporativo, são momentos preciosos que geram mais produtividade, energia e criatividade no trabalho.

Flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional

A última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) informa que 91% dos profissionais preferem o modelo de trabalho híbrido, um valor considerável que vem aumentando cada vez mais desde a pandemia. Com a popularização do trabalho remoto, parcial ou integral, muitos profissionais passaram a priorizá-lo.

Com os modelos de trabalho flexíveis uma grande parcela dos trabalhadores passou a ter mais tempo para autocuidado, família e amigos, algo bastante positivo para o seu bem-estar. Uma vantagem que se estende para as empresas, que passam a ter colaboradores mais saudáveis, engajados e com menor probabilidade de buscarem outras oportunidades.

Além do trabalho remoto e híbrido, muitas empresas adotam horários flexíveis e jornadas adaptáveis. Isso permite que os indivíduos exerçam suas funções nos momentos em que são mais produtivos ou de acordo com a rotina e necessidades da família. 

Uma tendência para o cenário é o desenvolvimento de uma política de desconexão digital, especialmente com o aumento expressivo nos casos de burnout digital.

 

Segundo a empresa de jurimetria DataLawyer, em 2023 houve 23 mil processos movidos por trabalhadores que buscam o direito à desconexão. O dobro considerando o valor total dos quatro anos anteriores, e que gerou um custo de R$ 5,65 bilhões nos tribunais e levantou um alerta para as empresas sobre a importância de respeitar o tempo fora das telas que é direito dos trabalhadores.

Flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional

Liderança humanizada e comunicação

O líder é a base do time, sendo uma figura essencial para um ambiente de trabalho mais saudável e o sucesso da empresa. Prova disso é que 8 em cada 10 profissionais que pedem demissão o fazem por problemas com a liderança, como mostra o estudo feito pela Michael Page.

É o líder que dá o exemplo, transmite e fortalece a missão, visão e valores da empresa. Também é um dos principais responsáveis por treinar a equipe, identificar sinais de sofrimento e agir para a promoção da saúde mental na empresa.

Outro elemento fundamental para um ambiente de trabalho saudável é a comunicação, que deve ser sempre clara, acessível e respeitosa. Uma prática excelente para garanti-la é ter uma cultura de feedback forte e contínua, onde todos se sintam confortáveis para expressar suas opiniões e ideias sem medo.

Além disso, o RH deve garantir que seus líderes façam uma gestão empática dos conflitos e que a empresa tenha canais abertos e seguros para o diálogo. Isso serve para meios de denúncia e reclamações, reuniões regulares para alinhamento e conversas sobre desenvolvimento de pontos fortes e fracos.

Saiba mais: PDL: Qual a importância do Programa de Desenvolvimento de Liderança e como construí-lo?

Saúde física e ergonomia

Um item importante para o bem-estar corporativo e para o cumprimento das leis é garantir um ambiente físico adequado. Para isso, é necessário ter um mobiliário ergonômico, incluindo iluminação e ventilação apropriadas. Uma obrigação que deve ser cumprida tanto no modelo presencial quanto no remoto.

Além disso, é importante que a empresa ofereça espaços de convivência e descanso, necessários para pausas e interações sociais. Outra prática bastante utilizada e positiva é inserir programas de ginástica laboral, uma ferramenta que auxilia no cuidado e prevenção a diversas doenças ocupacionais.

O cuidado com a saúde física pode ser feito também através de benefícios, como as parcerias com academias e programas nutricionais. A empresa ainda pode incentivar seus colaboradores a realizar check-ups preventivos, uma ação importante para prevenção e tratamento.

Saúde física e ergonomia

Cultura organizacional positiva

É importante lembrar que não é possível ter um ambiente de trabalho saudável com uma cultura organizacional negativa. Um ambiente ruim é um dos motivos principais para o surgimento de problemas de saúde entre os colaboradores, perda de talentos, queda na produtividade, entre vários outros itens extremamente prejudiciais para as empresas.

Para impedir esse cenário, é preciso que a cultura organizacional seja transparente, com base no respeito mútuo e ações de diversidade e inclusão. Valores como o reconhecimento e a valorização são fundamentais, tanto para suprir as necessidades dos colaboradores quanto para garantir bons resultados para a companhia.

Existe também uma alta demanda por uma cultura que incentiva, auxilia e valoriza o desenvolvimento profissional contínuo. Para os profissionais é uma garantia de evolução e crescimento na carreira, para as empresas uma forma de se manter atualizado e competitivo frente às constantes transformações do mercado.

Você também pode gostar de: PDI: Guia Completo do Plano de Desenvolvimento Individual

NR-1 e os riscos psicossociais: qual a relação com o ambiente de trabalho saudável?

A Norma Regulamentadora nº 1, também conhecida como NR-1, estipula as bases para as demais NR’s, nas quais são listados os princípios fundamentais para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Nelas, estão descritas as obrigações e responsabilidades das empresas, que devem ser cumpridas tanto para garantir o bem-estar corporativo quanto para assegurar a conformidade com a lei.

Em maio de 2025, entrou em vigor uma série de atualizações na NR-1, necessárias para se adaptar às necessidades atuais de empresas e profissionais. A principal delas é a inclusão explícita dos riscos psicossociais, que agora são oficialmente uma das responsabilidades obrigatórias das empresas.

Isso significa que a companhia deve identificar, gerenciar e prevenir elementos que colocam o bem-estar mental e psicológico dos colaboradores em risco. Os riscos psicossociais devem ser inseridos em documentos como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e é preciso implementar ações para prevenção e medidas corretivas.

Para fazer isso é preciso que os profissionais de Saúde e Segurança no Trabalho (SST), RH, líderes, gestores e executivos trabalhem em conjunto. 

Leia também: NR1 e Saúde Mental: O que muda com a nova norma trabalhista?

Principais indicadores de bem-estar no trabalho

Para garantir que as práticas voltadas a um ambiente de trabalho mais saudável sejam efetivas, é preciso monitorar constantemente seus impactos na rotina do negócio. Isso é possível por meio dos seguintes indicadores:

  • Taxa de absenteísmo

  • Índice de turnover

  • Avaliações de riscos psicossociais realizadas

  • Ações preventivas implementadas

  • Taxa de engajamento

  • Pesquisas de clima organizacional

  • Índice de Saúde Mental (IHM)

  • Treinamentos de liderança em saúde mental

  • Utilização de programas de apoio psicológico

  • Número de afastamentos por transtornos mentais

  • ROI dos programas de bem-estar

  • Conformidade com Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)

O RH tem acesso a uma grande quantidade de informações. Itens que, quando analisados e armazenados de forma correta, geram insights valiosos para o negócio. Para fazer isso, é preciso contar com tecnologias como as oferecidas pelo Lugarh, que ajudam a otimizar tempo, facilitar processos e tornar seu negócio muito mais estratégico.

Leia também: Como montar um fluxograma de processos eficiente

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Até o próximo artigo!

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